Professores e urgências nas escolas: Um chamado para a capacitação
Estudo avalia nível de conhecimento em Primeiros Socorros.
Texto elaborado por: Naiara Ashaia. Revisão: Catiele Raquel Schmidt.
Destaques
Dados sobre acidentes com crianças no Brasil;
Lei Lucas.
Quando se trata de criar um ambiente seguro para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, as escolas desempenham um papel fundamental na sociedade. Mas, em um ambiente repleto de crianças, as urgências nas escolas podem acontecer.
No Brasil, as causas externas, como quedas, acidentes, intoxicações e afogamentos, resultaram em mais de 28.000 óbitos de crianças entre 2008 e 2018. Além disso, os acidentes na infância representam cerca de 30% de todos os atendimentos de urgência. Os incidentes podem ocorrer e é crucial que os educadores estejam preparados para enfrentar situações de urgência e emergência.
Um estudo recente realizado nas escolas de Marília, em São Paulo, buscou avaliar o conhecimento dos professores do ciclo fundamental. Os resultados revelam a necessidade de um foco maior na preparação dos educadores para lidar com emergências dentro da escola.
Revelando Lacunas na Preparação dos Educadores nas urgências escolares
O Programa Saúde na Escola foi implementado como uma iniciativa governamental para promover a saúde e prevenir acidentes. No entanto, um grande desafio se apresenta: a preparação dos professores para lidar com situações de urgências escolares e emergências.
Assim, em 2018, a chamada "Lei Lucas" foi promulgada nacionalmente. Ela tornou obrigatória a capacitação anual em noções básicas de primeiros socorros para professores e funcionários do ensino público e privado de Educação Básica, bem como estabelecimentos de atividade infantil. Essa lei recebeu esse nome em homenagem a Lucas Begalli Zamora, um garoto de 10 anos que faleceu em 2017 após engasgar com um lanche durante um passeio escolar.
Porém, um estudo quantitativo desenvolvido em Marília, em setembro de 2021, trouxe resultados relevantes. Por meio de um questionário elaborado na plataforma digital Google Forms, os dados coletados revelaram que, entre os participantes, mais da metade (53,2%) já presenciou alguma situação de urgências escolares. Porém, apenas 11,9% dos professores se sentiram seguros em tomar medidas durante tais emergências.
Outro dado é que menos da metade dos professores (42,7%) recebeu algum conteúdo relevante sobre primeiros socorros durante sua formação acadêmica. Além disso, quase 70% dos educadores disseram nunca terem recebido treinamento sobre prevenção de acidentes escolares e primeiros socorros.
Conclusão
Diante dos resultados desse estudo, é evidente a necessidade de preparação dos educadores para situações de urgências escolares. Com mais da metade dos professores tendo incidentes presenciados e uma proporção tão pequena se sentindo seguro para agir, as instituições educacionais devem avaliar formas de diminuir essa lacuna.
Além disso, a falta de exposição de conteúdos relacionados aos primeiros socorros durante a formação acadêmica demonstra a necessidade de incluir esses temas nos currículos de formação de professores. A segurança das crianças nas escolas deve ser uma prioridade e, para alcançá-la, a preparação dos educadores desempenha um papel fundamental.
Esse estudo serve como um alerta importante para a comunidade educacional, os gestores escolares e os formuladores de políticas públicas voltadas à educação. Afinal, destaca a necessidade de investir em treinamento e preparação de professores para que possam garantir um ambiente seguro e adequado para o desenvolvimento dos estudantes nas escolas.
Texto do blog elaborado com base no seguinte artigo: : Hadge RB, Barbosa VBA, Barbosa PMK, Chagas EFB. Conhecimentos de professores do ensino fundamental acerca de primeiros socorros. Texto Contexto Enferm. 2023; 32:e20230029. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2023-0029pt