Compreendendo a transexualidade na enfermagem no Sul do Brasil
A importância da educação para quebrar estereótipos
Texto elaborado por: Naiara Ashaia. Revisão: Catiele Raquel Schmidt.
Destaques
Importância de pesquisar a transexualidade
Análises da vida das pessoas trans no Brasil
Por que os enfermeiros devem refletir sobre identidade de gênero?
A busca pelo aprimoramento da assistência à saúde é um desafio constante para os profissionais da área, e compreender as nuances da diversidade de gênero é fundamental nesse processo. A formação de futuros enfermeiros é crucial para atender às necessidades de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, principalmente considerando a cis e transexualidade.
A importância de pesquisar e compreender de perto as experiências da transexualidade é uma reflexão consciente de que esse tema requer uma abordagem mais aprofundada, não apenas no ambiente universitário, mas em toda a sociedade. Assim, enfermeiros da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidad de Costa Rica se empenharam em fazer essa análise.
Mudanças na vivência da transexualidade no Brasil
Após o nascimento de uma criança, as tecnologias discursivas direcionam-se para moldar o corpo de acordo com as expectativas cisgênero. Essa pedagogia tem como objetivo promover uma vida em conformidade com a heterossexualidade. No entanto, a transexualidade desafia essas normas, demonstrando que esses direcionamentos precisam ser questionados.
Com o tempo, mudanças significativas aconteceram: na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reclassificou a transexualidade de transtornos de personalidade para o capítulo dedicado à saúde sexual; e a Resolução nº 2.265 de 2019, que destaca a importância do cuidado específico à pessoa com incongruência de gênero ou transgênero, enfatizando o acompanhamento e cuidado.
Na perspectiva da cisnormatividade, existe uma "forma correta" de ser e se expressar, e tudo o que não se enquadra nesses padrões é estigmatizado, inferiorizado e excluído. No entanto, falar sobre essa questão, seja na ciência ou na sociedade, sem desumanizar, patologizar ou exotificar, é um desafio.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permite que brasileiros trans alterem seu registro de nascimento diretamente no cartório, sem a necessidade de autorização judicial, cirurgias ou laudos médicos. No entanto, o Brasil ainda enfrenta altos índices de transfobia e é o país que mais mata essas pessoas no mundo.
Mudanças políticas, epistemológicas, técnico-assistenciais e socioculturais são urgentes. Assim, a formação de profissionais de saúde, incluindo enfermeiros, deve abordar a diversidade sexual e de gênero de maneira mais abrangente.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em enfermagem destacam a importância do respeito à diversidade de gênero e orientação sexual. É essencial que os estudantes de enfermagem compreendam o contexto das pessoas trans, para que possam oferecer um cuidado sensível e responsável.
Conclusão
O estudo evidencia a importância do conhecimento e da sensibilidade em relação à diversidade sexual na formação de enfermeiros. A falta de informações e experiências práticas cria uma barreira significativa na prestação de assistência à saúde de qualidade às pessoas transexuais.
Para aprimorar a assistência à saúde, é necessário que as instituições de ensino adotem uma abordagem mais inclusiva em seus currículos. Além disso, a educação contínua e a sensibilização são cruciais para fornecer qualidade no atendimento a essa população. A conscientização e a educação são os primeiros passos para criar um sistema de saúde verdadeiramente inclusivo, independentemente da identidade de gênero.